Núm. 01 (1): Revista da Fundarte

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Editorial

O intento de divulgar de forma qualificada a produção científica dos conhecimentos produzidos por pesquisadores e professores, das áres de artes, semiótica, educação e outros campos afins, foi sempre um objetivo da FUNDARTE. Esta Revista chega com a perspectiva de perpetuar de forma sistemática esse difícil objetivo: o de manter atualizados os saberes em arte e educação, desde as mais recentes pesquisa na área, até informações simples e rápidas. Publicar no Brasil ainda é tarefa penosa e pouco respeitada, e é por isso que a FUNDARTE sente-se orgulhosa de poder oferecer um veículo, ainda modesto, mas pleno de convicção de ser um instrumento poderoso, não só para uma descomprometida "atualização", mas também como fonte de constante reflexão e embate de idéias e conceitos.

Foram Revista que primeiro anunciaram as idéias novas de movimentos de revolução nas artes, como o Movimento Modernista de 22, no Brasil, ou os Movimentos de Vanguarda na Europa. Foi através de periódicos de fácil acesso, pela sua agilidade e fácil manuseio, que experiências importantes, como as de Grotowski, vieram a público.

Longe de pretender ser um periódico revolucionário no campo das artes, a REVISTA DA FUNDARTE pretende colaborar com os profissionais das áreas que dão suporte à educação e a arte, para com eles dialogar numa dialética constante entre o conhecido e  a novidade.

Neste primeiro número a Revista abre com um conjunto de seis artigos que expressam idéias em diferentes áreas do conhecimento. O primeiro deles é o texto de Ana Claudia Mei de Oliveira sobre Semiótica Visual. Neste trabalho, a autora lança os conceitos básicos que constituem o título do artigo: Lisibilidade da imagem. Desvendando conceitos importantes para a Semiótica Visual como os pares enunciação/enunciado ou expressão/conteúdo, ela constrói o caminho de edificação das significações visuais.

O segundo trabalho apresentado é o de Ingrid Dormien Koudela, chamado Um Protocolo dos protocols, onde a autora discorre sobre a transposição simbólica da experiência física do jogo teatral no protocolo escrito, como instrumento estético mais que mero registro.

Sergio Coelho Borges Farias apresenta o terceiro texto deste número. O teatro e a formação da cidadania na sociedade contomporânea divide-se em três partes. A primeira traz à tona as questões relativa aos direitos sociais e às práticas sócio-educativas alternativas. Na segunda parte o autor esclarece sobre algumas competências necessárias à formação da cidadania, exemplificando os casos particulares dos trabalhos em teatro-educação. Por fim, Farias conclui integrando as idéias sobre a formação da cidadania no quadro geral das práticas teatrais e suas possibilidades como agente formativo do sujeito individual e coletivo.

Ao apresentar Apontamentos para uma epistemologia teatral, integro o quarto texto deste número com artigo de minha autoria, onde discuto as possibilidades de problematização das categorias que denomino sujeito cotidiano e sujeito extra-cotidiano, como instrumento de análise do trabalho do ator.

Jusamara Souza nos brinda com o quinto trabalho desta primeira coletânea, chamado Currículos de música e cultura brasileira: mas, que concepções de cultura brasileira? Neste texto analisa "falas" de três personagens de uma reportagem de jornal, caracterizando os diferentes sentidos de cultura e suas repercussões para a Educação Musical.

O texto Por um repertório musical tão plural quanto seus intérpretes, de Adriana Bozzetto, também na área de Educação Musical, é uma reflexão sobre a intervenção do professor de piano no processo de aprendizagem de um aluno que precisa ser contemplado em sua diversidade, em seus interesses, a partir de sua experiência.

O rigor dos textos que apresentamos, aliado às idéias sempre renováveis e instigantes, faz-me acreditar que este primeiro número da REVISTA DA FUNDARTE é apenas o início de um longo trajeto que será construído com muita reflexão e pensar sobre a pesquisa em arte e educação. Obrigado aos nossos colaboradores e a você, que faz parte de nossos primeiros leitores. Esperamos que aproveitem com o mesmo entusiasmo que nós.

Gilberto Icle
Coordenador da Edição