n. 28 (14): Arte, Escola e Sociedade
Editorial
O número 28 da REVISTA DA FUNDARTE se diferencia um pouco das demais por apresentar textos de alguns professores ministrantes de Oficinas no 24º Seminário Nacional de Arte e Educação (FUNDARTE, Montenegro/RS). Assim, os artigos de um a oito discutem temas debatidos no seminário e falam, principalmente, das questões que permeiam as três principais vertentes norteadoras do seminário: arte, pesquisa e educação. Buscando a possibilidade de atribuir a tais artigos personalidade diferenciada, alguns deles assumem, em caráter excepcional, formatos diversos daqueles comumente exigidos pela revista.
No texto O Lugar da arte na escola, Manoela Afonso faz um exercício reflexivo para identificar o lugar da arte na escola na qual estudou, na década de 1980. A partir dessa reflexão, a autora comenta o trabalho artístico chamado Hidden Curriculum (Currículo Oculto), da artista alemã Annette Krauss, onde procura encontrar alguns apontamentos que indiquem outros possíveis lugares para a arte no espaço escolar num contexto contemporâneo.
Gabriela Greco, em Da sala ao patio: o teatro do acontecimento na escola, faz uma reflexão sobre a trajetória da educadora/artista que percebe sua prática como atriz distante de sua prática em sala de aula e busca aproximar essa relação entre a concepção de teatro vivenciada e a forma de construção de cena que propõe como educadora.
Música para tubos voadores: Uma experiência com “Libertango” de Astor Piazzolla, Uirá Kuhlmann, descreve uma experiência com o uso de tubos coloridos denominados de “Boomwhackers”.
O artigo Treinamento de potência para bailarinas iniciantes em Dança clássica: uma análise no movimento de sauté em 1ª posição, de Bruna Naiara Felício, se trata de uma pesquisa que teve como objetivo analisar o desempenho de bailarinas iniciantes na faixa etária de 11 e 12 anos quando expostas a um treinamento para membros inferiores, voltado à verticalização dos saltos na dança clássica, observando o movimento base das mesmas, o “sauté” em primeira posição.
Em Curadoria Educativa como processo artístico, Nirvana Marinho discute aspectos da curadoria educativa como prática artística e defende a hipótese de que a educação e a prática artística tem relações transversais e programáticas, as quais podem ser observadas tanto com os educadores como com os artistas.
Ana Maria Haddad Batista, no artigo Leitura e Literatura: uma breve provocação, busca provocar os educadores quanto aos dados referentes a leitura e a Literatura no Brasil, defendendo a ideia de que o papel das linguagens e da literatura é desconhecido pela maioria das pessoas.
Colecionismo alternativo: repositório auxiliar de publicações artísticas ou especiais, Paulo Silveira apresenta o projeto de pesquisa Repositório Auxiliar de Publicações Artísticas ou Especiais, do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, incluindo particularidades de uma proposição que inter-relaciona coleta, acervo e reflexão.
No artigo Dança, Música, Artes Visuais e Teatro: reflexões sobre as práticas pedagógicas em sala de aula, Ana Denise Ulrich, Sandra Rhoden e Suzana Schoelkopf falam sobre a presença das quatro linguagens das artes na sala de aula. As autoras trazem reflexões de práticas pedagógicas no contexto do Ensino Fundamental, buscando fomentar o ato criativo, desafiando o ensino tradicional e, apontando para a valorização do professor propositor.
Compartilhar e criar na vulnerabilidade e no risco: a experiência de uma aula de teatro com alunos surdos, Marcia Berselli e Sérgio Lulkin evidenciam e problematizam aspectos sobre a criação de aulas de teatro para alunos surdos, buscando refletir sobre os agenciamentos atualizados na elaboração e realização de propostas cênicas utilizando a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).
O artigo Interdisciplinaridade e a música: reflexões e possibilidades, Catarina Justus Fischer faz uma reflexão sobre a interdisciplinaridade e defende a possibilidade de utilização da música para facilitar o aprendizado e, ao mesmo tempo, integrar essa disciplina com as outras áreas do conhecimento.
Arte, museus e mediação cultural: a experiência estética e a construção do conhecimento sensível, Marcelo Feldhaus estabelece reflexões sobre arte, museus e mediação cultural, como possiblidade de construção de conhecimento, trazendo um levantamento bibliográfico e, buscando aproximar os espaços museais e a educação em espaços não formais.
Finalizando os artigos, Mariza Missako Sakamoto, em O estudo afro-brasileiro na formação do professor de arte, aborda o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira na escola, previsto na lei 10.639/03, buscando provocar a discussão sobre os preconceitos e estereótipos raciais, com o objetivo de defender o respeito as diferenças a partir do conhecimento.
No ensaio denominado ARTEFUNDARTE, o qual discorre sobre a imagem que compõe a capa da Revista, escrito a seis mãos, Julia Maria Hummes, Márcia Pessoa Dal Bello, Ana Denise Ulrich, Débora Brandt Alencastro, Gisele Flach e Patriciane Born expõem a razão pela qual escolheram o formato MANDALA (circular) para representar os processos de criação artísticas desenvolvidos na FUNDARTE. A opção pela imagem, segundo as autoras se deu por esse formato não ter um ponto de início nem de fim, um ponto prioritário ou focal, mas representa uma energia que articula todos os objetos com a mesma intensidade, assim como o trabalho desenvolvido pela FUNDARTE.
Márcia Pessoa Dal Bello eLuiz Fernando Cardozo dos Santos