COBRA: QUANDO A LINGUAGEM MUDA DE PELES OU CARNAVALIZA-SE BARROCAMENTE

Authors

  • Irma Caputo Puc - Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.19179/rdf.v51i51.1136

Keywords:

Literatura latino-americana contemporânea. Escrita performativa. Neo-barroco literário. Carnavalização da literatura.

Abstract

O presente artigo pretende propor um percurso de análise da obra Cobra (1972) de Severo Sarduy sob o prisma da escrita performativa, isto é, uma prática de escrita literária que servindo-se de procedimentos estéticos diversos, organiza o material verbal de forma a englobar aspectos e características da performance, desatendendo parcialmente as expectativas de linearidade, legibilidade e inteligibilidade imediata, próprias de uma visão essencialista e funcional de linguagem. O texto resultante de tais práticas de escrita configura-se como anticanônico e híbrido pela forma textual mutante, a qual será abordada também como um exemplo de neobarroco latino-americano e de estética carnavalesca, por se apropriar de elementos dialógicos ambivalentes, irónicos e por vezes enigmáticos.

Author Biography

Irma Caputo, Puc - Rio de Janeiro

Irma Caputo defendeu em abril de 2020 a tese de doutorado ?Ó de Nuno Ramos: traduzir a densidade? na PUC - Rio de Janeiro, onde atualmente desenvolve a pesquisa de pós-doutorado ?Da escrita para a phoné: estudo comparado da produção literária e da obra plástica de Nuno Ramos? pela Faperj sob a orientação do poeta e tradutor Paulo Henriques Britto. Natural de Nápoles, Irma estudou língua e literaturas comparadas no Instituto Universitário Orientale da sua cidade de origem. Durante a carreira acadêmica teve a oportunidade de estudar, graças a programas de intercâmbio, na FLUP (Porto) e na UFF (Niterói). Seus focos de pesquisa envolvem estudos sobre o diálogo interartes, particularmente entre literatura e artes plásticas, e também tradução e filosofia estética e da linguagem.

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Published

19/10/2022

How to Cite

Caputo, I. (2022). COBRA: QUANDO A LINGUAGEM MUDA DE PELES OU CARNAVALIZA-SE BARROCAMENTE. Revista Da FUNDARTE, 51(51), 92–106. https://doi.org/10.19179/rdf.v51i51.1136