MARCAS DAS DIFERENÇAS EM CONTOS INFANTIS

TRANSVERSALIDADE VERSUS CISNORMATIVIDADE NAS PEDAGOGIAS DO GÊNERO

Resumo

Na construção sociocultural dos gêneros, as pessoas passam por um processo de identificação com marcas a elas atribuídas pela norma hegemônica. Esta norma, aqui entendida como  cisnormatividade^[1], hierarquiza tais identidades a serviço da manutenção das relações de poder estabelecidas, gestando dispositivos como as Pedagogias do Gênero para vigiar e controlar os corpos por ela marcados, o que acarreta em desigualdades de direitos entre as pessoas. Neste contexto, uma professora transgênera que atua na escola básica utiliza o recurso metodológico da Cartografia de Saberes e Matrizes Rizomáticas para entender como contos infantis com marcas das diferenças transversalizam a  cisnormatividade  na atuação de professoras(es). O percurso de pesquisa é: definir transversalidade em relação às trilhas teóricas levantadas pela revisão de literatura; mapear livros infantis com potência para transversalizar normas socioculturais como a  cisnormatividade ; identificar professoras que utilizam contos infantis como instrumentos pedagógicos; discutir e analisar onde a  cisnormatividade  pode ser transversalizada na atuação de professoras(es). Até agora, a pesquisa levantou cerca de 90 livros infantis com potencial para transversalizar a  cisnormatividade  na biblioteca de uma escola pública de Montenegro, Rio Grande do Sul, organizadas em um quadro de obras que evidencia marcas das diferenças presentes nos livros. Na etapa seguinte, entrevistas semi-estruturadas de inspiração narrativa ajudarão a entender como estas marcas podem transversalizar a  cisnormatividade  na atuação de professoras(es).

^[1] Aqui, optou-se pelo termo cisnormatividade no lugar de heteronormatividade (WARNER, 1991), entendendo que a norma que determina a heterossexualidade compulsória também está atrelada à construção da cisgeneridade.