n. 27 (14): Docência, Experimentações e Pesquisa em Artes
EDITORIAL
É com grande prazer que oferecemos aos nossos leitores desta 27º edição da REVISTA DA FUNDARTE artigos que, apoiados na temática Docência, Experimentações e Pesquisa em Arte, apresentam concepções que, certamente, contribuirão para o debate e ampliação das nossas reflexões. A seguir, uma breve introdução aos artigos, sugerindo a você uma leitura atenta.
O primeiro artigo, intitulado “Para uma educação do olhar”, de Márcia Fusaro, discute a construção da imagem da escritora Clarice Lispector, sugerindo interessantes abordagens sobre a maneira como ela própria aplicava sua maquiagem, delineando com mais ênfase o contorno e a expressão de seus olhos e lábios.
Em “Piano em grupo: arranjos elaborados a partir de alternativas pedagógico-musicais”, Gisele Flach trata da elaboração de arranjos musicais feitos para a prática de piano em grupo, evidenciando uma abordagem na qual o aprendizado dos alunos é o alicerce da criação de cada arranjo.
No artigo “Avali-Ação: o professor de dança como avaliador de quê?", os autores Bruno Parizoto, Aline da Silva Pinto e Sílvia da Silva Lopes discutem os aspectos que compõem a avaliação em arte, mais especificamente na área da dança, sustentando a concepção de que o caráter subjetivo da avaliação em arte não se encaixa no sistema avaliativo tradicional, ou seja, num sistema regido por notas e menções.
Fernanda Anders relata as suas primeiras experiências com a docência em música no ensino escolar, no artigo intitulado “Minha trajetória como docente em música no ensino básico: desafios e conquistas”. A partir da narrativa em questão, a autora procura significar as transformações que foram acontecendo na escolha e realização das atividades diárias em sala de aula e suas repercussões quanto à valorização da música como área de conhecimento.
Em seguida, Florinda Martins e Marcelo Saldanha, em “Michel Henry: critérios de avaliação de uma obra de arte”, apresentam a tese da obra de arte proposta pelo filósofo francês. Para Michel Henry, a obra de arte, como toda a cultura, mesmo nos seus aspectos mais técnicos e ou materiais, expressa uma dimensão invisível da vida, a qual não pode ser desconsiderada.
No texto “A aplicação dos métodos de crítica literária de Imbert (1987) como ferramenta de análise musical: uma proposta de análise da Passacalha para Fred Schneiter de Edino Krieger”, Thiago Kreutz traz uma importante contribuição para a ampliação de possibilidades da análise musical, ao discutir a aplicação dos métodos de crítica literária de Enrique Imbert (1987) como forma de análise de uma obra musical.
Samira Abdala, Eduardo Pacheco e Sílvia da Silva Lopes, em “Corpo de bueiro: estouros de bolhas da performanceAção”, à luz de pensamentos da filosofia da diferença e de seus conceitos de arte, fazem algumas problematizações a partir de ressonâncias resultantes de trabalhos práticos realizados no curso de Graduação em Dança: Licenciatura, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul.
No texto que tem como título “A inserção da música em escolas públicas municipais do Vale do Caí”, Daniele Ertel e Cristina Rolim Wolffenbüttel apresentam os resultados de uma pesquisa sobre a presença da música em escolas da região do Vale do Caí, na qual foram mapeadas as práticas, a inserção do ensino de música nos 19 municípios da região e os profissionais que atuam com educação musical em seus tempos e espaços.
Simone Miranda, em “A profissão do músico diante da diversidade nas possibilidades de atuação”, discute a formação do músico para atuar em diversos campos. O texto se constitui no resultado parcial da dissertação de mestrado da autora, cujo foco principal é investigar a formação do pianista frente ao mercado de trabalho.
No trabalho intitulado “Cartografia dos Quadrinhos Pelotenses”, Fabrício Gerald Lima e Eduarda Gonçalves revelam o processo de mapeamento de histórias em quadrinhos produzidas em Pelotas, no final do século passado e início deste. O levantamento tem como fio condutor a produção de fanzines e o encontro de outros autores do município que compartilharam o gosto pela modalidade quadrinista.
“Identidades Musicais na Cultura Gospel”, de André Müller Reck, discute a relação cada vez mais recorrente entre música e cultura, apresentando algumas considerações sobre as identidades musicais presentes neste gênero musical e procurando entendê-las como algo contextual, variável de acordo com práticas e relações sociais específicas.
E finalmente, o artigo “Outras Rotas: traçados de um mapa à deriva” de Francisco Gick, Gleniana Peixoto, Gustavo Dienstmann, Luana Silveira e Jezebel de Carli, aborda temáticas e conceitos fundamentais para o teatro, tais como a pedagogia do teatro, o treinamento do ator, o teatro na rua, a relação do artista com a cidade e a arte de performance.
Não posso deixar de mencionar a bela capa que compõe a Revista, a qual é o resultado de uma exposição coletiva denominada Suíte n.1, realizada na Galeria Loide Schwambach, com obras dos formandos do curso de Artes Visuais (2013), da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), com curadoria da professora Carmen Capra.
A todos uma boa leitura, desejando que as problematizações suscitadas nos artigos os provoquem e os inquietem frente as suas práticas docentes.
Márcia Pessoa Dal Bello
Editora