Teia e Encontros Fiandeiros

Resumo

O texto produz breves ensaios que articulam acontecimentos de pesquisa, o ensino de artes e a produção de um trabalho progressivo, em aberto, que consiste numa teia de crochê com dimensões e formas variáveis. Para tanto tece considerações em torno do que  se constitui como pesquisa junto ao pensamento da Diferença de Deleuze e do que vem a ser uma artistagem dos espaços educacionais, seguindo termo criado por Sandra Corazza. Artistada, essa teia funciona tanto como objeto escultórico interativo como um tecido moldável de acordo com a natureza dos espaços, produzindo instalações diversas. De outra forma, esse objeto se dispõe no texto tal como pensar em texto produz aquilo que concebemos em relação a um objeto. Outros modos de se conceber pesquisa em linhas institucionais se apresentam aqui a fim de que as tessituras entre o que pode se entendido como uma epistemologia estética e proposições artísticas contemporâneas sejam percebidas. Trabalhos sem metas quantitativas, sem resultados prévios, com inúmeras possibilidades de interação, conexão e partilha interessam enquanto superfície ou malha disparadora de outras criações e novas intervenções. Para tanto, se discorre também em torno de algumas obras propositivas, como as de Lygia Clarck, e outras proposições desenvolvidas em sala de aula, nunca desvinculando o que se pensa daquilo que que o trabalho manual produz. O projeto Encontros Fiandeiros, cujas propostas se lançam no espaço de oficinas aberto pela FUNDARTE, mistura conceitos filosóficos à práticas ditas  “artesanais” operando com todas as variáveis aqui citadas.  O que se busca são novos modos de se ensinar arte, pensar o que vem a ser arte e, acima de tudo, criar conexões produtivas entre os participantes desses encontros. Ao afirmar o que Nietzsche chama vontade de arte” defende a tese de que os textos que se dão entre a fala potencializada pelos encontros e a produção coletiva se desdobram em vontade mais potentes e vitalizantes.