Antígona: liberdade e tirania em tempos de crise
Resumo
Resumo: Antígona é uma das tragédias mais importantes de Sófocles, dramaturgo da Atenas Clássica. Foi a peça escolhida pela turma da disciplina de Montagem Teatral I (semestre 01.18) e que, em razão de seu tema, implicou um processo de fôlego, de experimentos e adaptações de linguagem e de referências às realidades contemporâneas brasileiras. Neste relato de experiência, nos preocupamos em compartilhar parte deste processo, a partir da reflexão sobre a própria trajetória dos ensaios e após a estreia em julho de 2018. Antígona, no original, enfrenta Creonte, seu tio e rei de Tebas, porque deseja enterrar um dos seus irmãos, Polinices, deixado, por decreto do rei, para ser devorado pelos animais selvagens, como punição por haver querido o trono que lhe era por direito, em acordo feito com seu irmão, Etéocles. O indivíduo contra a tirania do Estado é um dos telões de fundo possível. Na montagem da turma, lançamos à cena, neste enfrentamento entre liberdade x tirania, também os direitos da mulher como cidadã e autônoma, como protagonista da história. Embora estes temas sejam debatidos em nosso país, em tempos de crise as propostas autoritárias sempre voltam a ganhar espaço na agenda das alternativas pragmáticas e milagrosas. Ao longo das semanas de ensaios, muitos dos conflitos e contradições vividos pelos brasileiros vieram como exercícios de improvisação. Para tornar a reflexão mais intensa, nossas opções cênicas acolheram boas doses de humor e de interrogações. Um espetáculo aberto!