Núm. 07 (4): As Fronteiras e os Territórios das Artes
Editorial
Apresentamos este número da REVISTA DA FUNDARTE com dois conjuntos de artigos de nossos colaboradores. O primeiro é proveniente das comunicações de professores convidados no II ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM ARTE que, em junho de 2004, tratou do problema das fronteiras e dos territórios das linguagens artísticas, batizando a temática deste número. Assim, o primeiro texto desta edição chama-se justamente As fronteiras e os territórios das linguagens artísticas, do professor Armindo Bião. Nesse trabalho, o autor transita pela definição das linguagens a partir da discussão sobre a pesquisa na universidade brasileira. Analisa, ainda, o vocabulário das artes cênicas ao distinguir dois grandes grupos artísticos: o das artes visuais e o das artes cênicas. Resume sua própria trajetória de pesquisa e narra acontecimentos que vão da ópera barroca à arte na Bahia.
Fernando Passos colabora neste número com três textos provenientes de suas três participações no Encontro referido. No primeiro, Corpos em trânsito X tráfico de danças: coreografando (nas) fronteiras, o autor analisa os modelos coreográficos centrados em uma suposta "identidade" brasileira reduzida às imagens do carnaval, do candomblé e da capoeira. Borderculture, La frontera e a cultura dos muros: ethnoscapes da globalização em dança é o segundo texto do autor, no qual ele analisa, a partir dos conceitos de ethnoscape e transnacionalidade, coreografias em Salvador e em Nova York. Por fim, Passos nos contempla com Fronteiras do gênero e gêneros de fronteira: negociando performatividades da dança na arena das artes, no qual discute a representação do feminino.
Da mesma forma, José Luiz Martinez apresenta três outros textos. O primeiro é Sangita: música, dança, teatro e poesia na Índia clássica. Nesse, Martinez enfatiza como as diferentes linguagens artísticas constituem-se numa unidade multimidiática chamada sangita, na arte hindu. Em A rede interdisciplinar de meiótica da música: pesquisa e criação, o autor apresenta as propostas de um projeto de pesquisa que estuda as formas de intersemiose entre a música e outras artes. No último trabalho, Música, semiótica e multimidialidade, a partir de Peirce e Buckminster, em exemplos da Sagração da primavera, é apresentada argumentação para uma teoria da intersemiose musical.
O segundo grupo de textos apresenta-se com características distintas: trata-se de textos provenientes de colaboradoras da área da educação e do folclore.
O primeiro é Mídia e artes da existência: para pensar imaginários em excesso, da professora Rosa Maria Bueno Fischer, no qual ela apresenta a discussão sobre as possibilidades da ultrapassagem que temos do instituído, transitando nas relações entre mídia, experiência e arte.
Depois, temos o prazer de apresentar o texto da professora Rosa Maria Hessel Silveira: Leitura e pós-modernidade - algumas reflexões. Nesse trabalho, ela aborda conceitos como leitura, pós-modernidade, múltiplas identidades, explora suas dimensões pedagógicas e problematizando questões contemporâneas decorrentes dessa aproximação.
E, por fim, o texto Um estudo sobre vivências folclórico-musicais de alunos do Ensino Fundamental é o representante da casa. Neste trabalho nossa colega Cristina Rolim Wolffenbüttel discute alguns dados levantados em sua pesquisa de mestrado. Trata-se de uma análise dos aspectos musicais e do folclore da vida de alunos do Ensino Fundamental.
Mais uma vez, podemos nos deliciar com o sabor da riqueza e da diversidade de olhares e formas de pensar as artes e inferir idéias correlatas ou adjacentes. Esperamos que tenham uma boa leitura.
Professor Gilberto Icle
Editor