n. 21 (11): A Formação do Professor Pesquisador e a Mediação Pedagógica

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Editorial

Temos o prazer de oferecer aos nossos leitores desta 21ª edição da nossa Revista, artigos dos professores convidados ao 6º Encontro de Pesquisa em Arte, promovido pela FUNDARTE, de 15 a 17 de junho de 2011.

A temática do Encontro A formação do professor pesquisador e a mediação pedagógica provocou diferentes abordagens sobre docência, pesquisa e fazer artístico que contribuem substancialmente para qualificar nossa reflexão e nossas práticas. A seguir uma pequena introdução aos artigos, sugerindo a você uma leitura atenta.

O primeiro artigo desta edição é de nossa convidada para o painel de abertura do 6º Encontro de Pesquisa em Arte intitulado “A formação do professor pesquisador e a mediação pedagógica”, Sandra Ramalho e Oliveira da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, a quem saudamos de um modo muito especial e carinhoso. Sandra apresenta experiências que buscam desenvolver um conceito de Ação Educativa em Espaços Culturais realizadas na disciplina Ensino de Artes Visuais - Estágio III, estabelecendo co-relações com a investigação científica de um professor/pesquisador. Na Ação Educativa apóia-se nas concepções da semiótica, concebidas por Greimas e Landowski.

Sandra Mara Corazza, participante também do painel de abertura do evento, a quem damos as boas-vindas (ou bom retorno, pois em Montenegro viveu grande parte de sua vida), nos brinda com um texto instigante que inicia pedindo licença (dada de imediato, é claro) para fazer modificações no título do painel. Assim, Sandra discorre sobre “A formação do professor-pesquisador e a criação pedagógica” desde a ótica do Pensamento da Diferença seu foco de reflexão apoiado em Deleuze e apaga qualquer separação entre o professor e o pesquisador. Persegue a concepção de “uma docência que procura; logo que cria” e conclui que o desafio urgente é uma artistagem de criação para que a educação produza inovações.

Ursula Rosa da Silva, Curadora Pedagógica deste 6º Encontro, fato que sela tanto uma cumplicidade de idéias quanto uma parceria institucional com a Universidade Federal de Pelotas/RS na realização do evento, apresenta o texto “Ensinar, pesquisar e criar: a curiosidade e a importância da pergunta no ensino”. A autora enfatiza a necessidade de mudanças na compreensão do conceito de ensinar, a importância da pergunta, da curiosidade e de processos investigativos na formação de professores. Paulo Freire, Dewey e Merleau-Ponty são alguns teóricos que dão suporte às reflexões de Ursula na sua busca pelos elos entre ensino e pesquisa e contribuições da arte para “uma abertura para o mundo”.

O artigo de Flávia Pilla do Valle e Aline Nogueira Haas “Formação em Dança no Rio Grande do Sul e sua interface com a pesquisa”, faz uma retomada da formação em dança no Rio Grande do Sul e discute as funções do ensino de dança em cursos livres e universitários. A pesquisa a partir de uma problematização, é ressaltada pelas autoras como fator necessário para instigar os alunos a um ‘pensar de outro modo’ levando em conta a perspectiva de Foucault sobre o tema.

“Educação Musical: refletindo sobre o campo de estudo e os espaços de atuação profissional” é a temática de Cristina Rolim Wolffenbuttel que traz à cena, pesquisadores da área e seus posicionamentos a respeito da autonomia da educação musical, bem como um panorama sobre alguns estudos já realizados. Ressalta a importância do incremento à investigação para subsidiar as propostas de ensino da música e especifica resultados que evidenciam a ampliação das concepções em torno da educação musical.

O artigo de Eduarda Azevedo Gonçalves, “Paisagens cotidianas: deslocamentos e observâncias do sujeito da experiência” aborda o ensino da arte contemporâneo, refletindo sobre “as similitudes e diferenças entre o sujeito da informação, o sujeito da experiência e o sujeito da arte”. Como pano de fundo para suas reflexões, Duda resgata uma proposta artística de grande repercussão, chamada Água da Sanga, realizada quando foi professora do Curso de Graduação em Artes Visuais, da UERGS/FUNDARTE, na qual faz conexões entre arte e vida. Larrosa, Fervenza e Buoro estão entre os teóricos que contribuem para qualificar seu texto.

Mirela Ribeiro Meira relata em “Metamorfoses Estéticas: O Sensível-em-Pedagogia na Formação Docente” pesquisa realizada junto ao Curso de Pedagogia da FaE/UFPel, em Pelotas, RS na qual investiga “a presença, relações e reverberações que uma Educação Estética e artística pode proporcionar” para a melhor instrumentalização de futuros docentes. Teóricos como Maffesoli, Maturana, Hernández e Duarte Jr. entre outros, ajudam Mirela a justificar suas escolhas metodológicas. As análises feitas até agora pela autora, permitem inferir sobre a importância da alfabetização estética na formação de professores.

O ensino de instrumento musical é o objeto de estudo de Regina Antunes Teixeira dos Santos no artigo “Investigação colaborativa: ferramenta potencial para o desenvolvimento profissional do professor de instrumento”, no qual se refere ao professor-pesquisador como o elemento essencial para alcançar “uma prática de ensino mais efetiva”. Apresenta cinco interessantes concepções de Hallam sobre os processos de ensino e aprendizagem instrumental e ao discorrer sobre o engajamento que todo professor deve ter, reforça a investigação colaborativa como catalizadora para que os professores se tornem produtores de conhecimento.

Agradeço imensamente aos que participam do nosso 6º Encontro de Pesquisa em Arte e aos que generosamente enviaram seus artigos para compor esta Revista. Desejo a todos e a todas que tenham uma boa leitura e que as provocações dos autores aqui explicitadas, os instiguem a constituir-se como professores-pesquisadores.

Maria Isabel Petry Kehrwald
Coordenadora da Revista

Publicado: 01.06.2011

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