RESSIGNIFICANDO O HABITAR COLONIAL
NARRATIVA VISUAL E ESCRITA DE MORADORAS DA COMUNIDADE QUILOMBOLA ILHOTINHA, SC
DOI:
https://doi.org/10.19179/rdf.v66i66.1689Palavras-chave:
Fazer-cidade; Antropologia das margens; Resistências.Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar como as representações fotográficas e textuais, produzidas por moradores de uma comunidade quilombola, atuam como práticas discursivas que desafiam as narrativas hegemônicas sobre a paisagem e os territórios quilombolas, enquanto constroem um espaço de produção de conhecimento. A partir dessas representações, busca-se entender como a comunidade ressignifica seu território e identidade, reafirmando-se como produtora de saberes e resistindo ao apagamento histórico. O estudo propõe uma nova interpretação da paisagem, que reflete as experiências e memórias vividas pelos moradores. A pesquisa adota a fotoetnografia (Achutti, 1997) e a escrevivência (Evaristo, 2020) como abordagens metodológicas, considerando as imagens e textos como registros das memórias, vivências e saberes da comunidade. O foco está nas imagens e suas legendas, que se configuram como práticas discursivas que questionam as narrativas dominantes sobre a cidade e os territórios quilombolas, evidenciando um processo de resistência cultural e problematizando as dinâmicas do habitar colonial (Ferdinand, 2022). Para Agier (2015), esse processo exemplifica o fazer-cidade, em que moradores transformam o espaço urbano em território de luta, memória e pertencimento.
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