n. 04 (2): Música Educação Semiótica Literatura Artes Visuais Artes Cênicas

					Visualizar n. 04 (2): Música Educação Semiótica Literatura Artes Visuais Artes Cênicas

Editorial

Este quarto número da REVISTA DA FUNDARTE chega com algumas novidades. A mais evidente é que dobramos o espaço disponível para os artigos, o qual, aliado ao novo leiaute propicia a inclusão de trabalhos mais extensos e aprofundados.

A inclusão de resumos na abertura dos artigos visa a revestir nossa publicação de aspectos tnto práticos quanto acadêmicos. Os resumos podem agilizar a busca do leitor pelos seus temas de maior interesse.

O artigo de abertura chama-se A máscara como ferramenta xamanística no treinamento teatral de Jacques Copeau e configura-se como mais uma novidade: a tradução de textos de outras línguas de importantes colaboradores. O texto assinado por Thomas Leabhart foi traduzido especialmente para a REVISTA DA FUNDARTE por Lisa Becker e traz a contribuição do artista-professor americano que foi aluno e assistente de Etienne Decroux. Nesse trabalho, Leabhart discute as idéias de possessão xamânica, a partir de sua experiência com Decroux, traçando paralelos com as idéias e práticas de Jacques Copeau, com quem Decroux estudou e de quem herdou as bases de seu trabalho.

Mostrar a condição relacional entre corpo e sentido, este último como condição emergente do primeiro é o objetivo de Sandra Meyer Nunes em O sentido da ação e a ação do sentido: exercícios para um corpo que dança. A partir de conceitos de Deleuze, a autora traça uma reflexão sobre o sentido na dança produzido no corpo num continum do movimento.

Arte, utopia e o espaço intermediário é de autoria de Roberto Fajardo, professor na Universidade do Panamá. O termo utopia é conceituado a partir de referenciais, como Thomas More, e discutido dentro de abordagens e idéias da psicanálise, da história e da arte. Por fim, Fajardo mostra o espaço da utopia como um espaço de formas simbólicas, caracterizando o da eu-topia como o espaço intermediário.

A discussão sobre a visualidade é contemplada no artigo de Paola Basso Menna Barreto Gomes: A formação de visualidade, imaginário e estereótipos. A autora fundamenta suas reflexões em diversos autores, indo da Escola de Frankfurt aos Estudos Culturais, passando por nomes do pensamento artístico brasileiro. Nesse panorama traça relações entre arte, mídica e educação, evidenciando o "esvaziamento simbólico" produzido pela estereotipia das imagens que são dadas a ver no nosso cotidiano.

Numa perspectiva semelhante, Leda Maffioletti critica, em Produção musical: o outro lado da diversidade, a indústria musical brasileira, problematizando o conceito de cultura e assinalando espaços de educação informal. Com um toque de bom humor fala sobre o gosto musical e discute as relações entre o popular e a "americanização".

Isabel Petry Kehrwald apresenta a idéia de processo criativo e suas implicações para o ensino da arte. O texto intitulado Processo criativo e sua função social assinala a importância de atitudes divergentes. Essas atitudes, ao contemplarem a fluência, a flexibilidade e a originalidade, sugerem perspectivas contemporâneas para se elaborarem propostas educativas.

Este número encerra com o texto de Eduarda Gonçalves, no qual ela reflete sobre seu fazer artístico em sala de aula e no atelier. Artista-professor: uma operação poética trabalha com o desdobramento da prática à teoria e articula idéias para a pesquisa em poéticas visuais. Baseada em pensadores, como Marilena Chauí, a autora revela a importância de determinados dispositivos de pesquisa como procedimentos pedagógicos.

Esta coletânea reúne, portanto, diferentes áreas, idéias, perspectivas e concepções teóricas, oferecendo um espectro de diversidade e discussão. A REVISTA DA FUNDARTE espera, assim, poder oferecer alguns recortes sobre a pesquisa e o ensino da arte no amplo panorama em que ela se desenvolve na contemporaneidade.

Boa Leitura!

Prof. Gilberto Icle
Coordenador da Edição

Edição completa