O REAL QUE EMERGE NAS OBRAS AUTOBIOGRÁFICAS CONVERSAS COM MEU PAI E STABAT MATER DE JANAINA LEITE

Autores

  • Mario Celso Pereira Junior Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Caroline Vetori de Souza Universidade do Estado de Santa Catarina
  • Clóvis Dias Massa Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.19179/rdf.v49i49.926

Palavras-chave:

Teatro, Artes Cênicas, Artes

Resumo

Nas últimas décadas, o teatro contemporâneo tem trazido para o foco da construção dramatúrgica o tensionamento entre o campo da ficção e do real. Muitos espetáculos buscam trabalhar com procedimentos criativos que façam emergir o real em cena, gerando uma potente desestabilização na recepção de tais obras. Com base na noção de real traumático em Lacan (1988, 2005), este artigo aborda a irrupção do real na malha simbólica da escritura dramatúrgica, a partir da análise das obras autobiográficas Conversas com meu pai (2014) e Stabat Mater (2019) de Janaina Leite.

Biografia do Autor

Mario Celso Pereira Junior, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Mestrando em Artes Cênicas pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Licenciado em Teatro pela Universidade Federal de Pelotas (2018). Ator, dançarino e artista circense com especialidade em malabarismo. Iniciou sua formação nas artes cênicas em 2009, pelo projeto social Casa de Cultura e Cidadania, na cidade de São José do Rio Pardo - SP, da qual fez parte até 2014. Nesse período, teve aulas de circo, dança e teatro, com apresentações semestrais de espetáculos abertos à comunidade. Dentro do projeto, também teve a oportunidade de integrar uma companhia de artes cênicas chamada Cia. Cênica Aruanã, durante o ano de 2013, na qual atuou como artista e oficineiro. Ingressou no curso de Teatro Licenciatura em 2014. Durante a graduação, colaborou ativamente em três projetos de pesquisa sobre dramaturgias e criações coletivas de cenas. Participou também do projeto de extensão "Teatro em francês". Foi bolsista CAPES pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) durante os anos de 2017 e 2018, com atividades disciplinares e interdisciplinares em escolas públicas estaduais do município de Pelotas-RS. Durante os anos de 2014 e 2015 foi associado à Oficina Permanente de Técnicas Circenses (Grupo Tholl), no qual desenvolveu atividades de animação receptiva e interativa, foi professor de técnicas de malabarismo com alunos de 3 à 20 anos e integrou o elenco dos espetáculos "Exotique", "Tholl, imagem e sonho" e "O circo de bonecos" como ator e artista circense.

Caroline Vetori de Souza, Universidade do Estado de Santa Catarina

Doutoranda em Teatro pela UDESC (2020/2), vinculada a linha pesquisa Teatro, Sociedade e Criação Cênica. Professora colaboradora no curso de Licenciatura em Teatro da Faculdade de Artes do Paraná/Universidade Estadual do Paraná (FAP/UNESPAR). Mestra em Teatro pela UDESC (2020/1). Licenciada em Teatro pela UFRGS (2017). Integra o grupo Teatro e Prisão - práticas de infiltração das artes cênicas em espaços de vigilância, sob coordenação do prof. Dr. Vicente Concilio. Desenvolve pesquisa dentro do Presídio Feminino de Florianópolis, investigando processos artístico-pedagógicos. Dentro do percurso formativo da graduação em teatro, atuou como monitora na disciplina de Libras (2014/1) e como bolsista de Iniciação Científica BIC/UFRGS nas pesquisas História e Perspectivas do Teatro em Porto Alegre (2014/2 - 2017/1) e Dramaturgia e Sociedades: Escrituras do Teatro de Hoje nas Fronteiras da Ficção (2017/2) com orientação do prof. Dr. Clóvis Dias Massa. Ainda, integrou a equipe da UFRGS no Projeto Rondon - Operação Tocantins (2017). Quanto à sua formação e atuação como atriz, se formou e atuou no grupo Ói Nóis Aqui Traveiz.

Clóvis Dias Massa, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Professor Associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde atua nos cursos de Teatro do Departamento de Arte Dramática e no Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas. Doutor em Teoria da Literatura (2005) pela PUCRS, com tese de doutorado dedicada ao entrecruzamento entre teorias teatrais e teorias da literaturas, intitulada Estética teatral e Teoria da Recepção, sob orientação de Regina Zilberman a tese Estética Teatral. Em 2004, realizou Estágio Doutoral na Université Paris 8 Vincennes-Saint Denis/França, com a supervisão do poeta e filósofo Philippe Tancelin. Mestre pela Escola de Comunicações e Artes da USP, com a dissertação O Paradoxo de Criação do Ator na Encenação Teatral. Graduado em Artes Cênicas: Hab. em Interpretação Teatral pela UFRGS. Pesquisador acadêmico no campo da dramaturgia e da história do teatro, da teatralidade, da poética e da estética teatrais. Integrante do Grupo de Pesquisa Teoria Teatral: História, Dramaturgia e Estética do Espetáculo, vinculado ao Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq. Coordenador da pesquisa institucional Dramaturgia e Sociedade: Escrituras do Teatro de Hoje nas Fronteiras da Ficção, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UFRGS. Em 2017, foi contemplado com bolsa CNPq de estágio pós-doutoral, com a qual realizou pesquisa sobre a Dramaturgia Contemporânea e o Teatro de Testemunho, entre novembro de 2017 e outubro de 2018, no Institut de Recherche en Études Théâtrales da Université Sorbonne Nouvelle Paris 3/França, sob a supervisão de Joseph Danan, dentro do Groupe de Recherche sur la Poétique de la Scène Contemporaine, coordenado por Catherine Naugrette e Joseph Danan. Coordenador do GT Dramaturgia: Tradição e Contemporaneidade (2017-2021), na ABRACE-Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas. Editor-chefe da Revista Cena (2015-2021), periódico eletrônico do PPGAC da UFRGS https://seer.ufrgs.br/cena.

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Publicado

03.06.2022

Como Citar

Pereira Junior, M. C., Vetori de Souza, C., & Dias Massa, C. (2022). O REAL QUE EMERGE NAS OBRAS AUTOBIOGRÁFICAS CONVERSAS COM MEU PAI E STABAT MATER DE JANAINA LEITE. Revista Da FUNDARTE, 49(49). https://doi.org/10.19179/rdf.v49i49.926

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