n. 19 (10): Arte e Tecnologia: Processos, Poéticas, Ensino

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Editorial

O uso da tecnologia, como sabemos, está cada vez mais presente no mundo das artes, sobretudo no cenário contemporâneo. São também bastante diversificadas as formas como ela aparece em todas as áreas do campo artístico. Nos grandes eventos, como salões e exposições de artes, festivais, etc, podemos apreciar, contemplar e, em alguns casos, interagir com obras produzidas com as novas tecnologias. Em razão disso, atualmente, algumas universidades estão abrindo cursos ou ênfases de cursos vinculados, de um modo ou outro, a elas. Outras universidades procuram contemplar o tema com novas disciplinas em que essas tecnologias façam parte de seus conteúdos.

Por outro lado, podemos perceber as relações da arte com o corpo humano desde os primeiros registros das atividades artísticas. Entretanto, essas relações variaram e se diversificaram muito ao longo da história a ponto de as possibilidades de participação do corpo nas artes terem se ampliado consideravelmente. O corpo humano, hoje em dia, pode relacionar-se também com as novas tecnologias na produção artística. O tema do corpo, portanto, suscita sempre relevantes questões para serem discutidas no contexto artístico.

Não foi por acaso, pois, que, pelo último edital de chamada de artigos da Revista da FUNDARTE, esses dois assuntos, corpo humano e arte e tecnologia e arte, foram os que apareceram, espontaneamente, em um maior número de artigos. Por esse motivo, decidimos publicar duas edições temáticas, a anterior, de número 18, que tratou de relações entre arte e corpo, e a presente, de número 19, que trata de questões sobre arte e tecnologia.

O primeiro artigo desta edição, de autoria de Luciana Azambuja Alcântara e Reinilda de Fátima B. Minuzzi, intitulado Um olhar sobre a arte e tecnologia: possibilidades artísticas em meio a realidades inventadas, aborda questões referentes às influências da tecnologia nas experimentações e no processo artístico desde o surgimento da fotografia, refletidas sobre outros meios e ambientes posteriores em que a tecnologia faz-se presente nas artes visuais.

Questões referentes ao uso da fotografia nas artes visuais estão presentes também no artigo A estética pictorialista na Europa: uma outra visualidade para a fotografia, de Niura Legramante Ribeiro. O texto aborda, historicamente, o movimento pictorialista, bem como a estética decorrente dele, que aconteceu na fotografia entre a última década do século XIX e as primeiras do século XX.

A fotografia está presente também no texto de Fabiane Sartoretto Pavin e Nara Cristina Santos, Hibridação entre a fotografia e a poética digital da artista Sandra Rey. Trata-se de um estudo sobre a hibridação da obra de arte a partir do trabalho de Sandra Rey, que resulta da manipulação, através da computação gráfica de imagens
obtidas com a fotografia digital.

Já Rogério T. Schraiber, no artigo As ações do público na arte digital, trata da participação e das ações do público na arte digital através da internet, enfocando a interatividade do espectador que contribui ao processo criativo da obra.

João Carlos Machado – Chico Machado, em Modo de usar: a utilização dos materiais na arte cinética, aborda aspectos técnicos, práticos e estéticos do processo de construção da arte cinética, relacionando-os com algumas obras cinéticas realizadas por ele bem como de artistas como Abraham Palatnik, Jean Tinguely e Guto Lacaz.

Passando para o campo musical, temos o artigo Música e tecnologia na UERGS, de Alexandre Birnfeld, que oferece uma breve visão sobre o uso do computador na área musical. Enfoca, principalmente, o uso desse equipamento como editor de partituras, ferramenta de composição de música eletroacústica e estúdio caseiro para gravação e edição de áudio com qualidade profissional.

Ainda nessa mesma área, Luiz Fernando Cardozo dos Santos e Adriana Bozzetto, no texto Trilha sonora dos jogos eletrônicos: uma análise da série Final Fantasy, apresentam o resultado de uma pesquisa a respeito do universo musical dos jogos eletrônicos que analisa as trilhas sonoras dos dez primeiros jogos da série Final Fantasy. O artigo aborda, entre outras questões, a forma como a tecnologia afeta a música dessa categoria de jogos.

No que concerne às relações entre arte e educação, o artigo de Geraldo Freire Loyola e Lucia Gouvêa Pimentel, Ensino de arte e internet: ambientes de participação e interação na web, aborda novas possibilidades que o uso do computador e da internet podem propiciar ao ensino da arte.

Em vista do exposto, é com imensa satisfação que apresentamos mais esta edição da Revista da FUNDARTE, que, como se pode observar, apresenta vários aspectos e enfoques a respeito das relações entre as artes e as tecnologias. A todos, uma boa leitura.

Marco de Araujo
Editor

Publicado: 01.06.2010

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